1 de setembro de 2017
perdidos nesse grande parque de diversões que é Lisboa, os casais de turistas deixam escapar pequenos gestos íntimos na rua, sem perceberem que alguém os observa ou sem se importarem. a cidade readquiriu o estatuto de cosmopolita que tinha nos anos 40, quando era um refúgio da guerra, e goza atualmente da fama de ter um renascimento cultural motivado pelas políticas socialistas, pelos empresários e pelos empreendedores, essa nova espécie que não se sabe exatamente o que é. quando estou na rua, abrigo-me nesses gestos deixados para trás ao acaso e sem preocupações, como trapos. porventura, serei eu a recordá-los mais do que os próprios, da mesma maneira que eles recordarão a cidade como haverá de deixar de existir.