Jorge Lima Alves
25 de abril de 2016
20 de abril de 2016
18 de abril de 2016
apesar dos tons pastel e da luz intensa que, à exceção da base, preenche todo o quadro, fico a pensar «porque é que a igreja e as árvores têm a cor do céu?». é como se víssemos uma imagem do que outrora foi e se desfez. com toda a sua luz e aparente tranquilidade — transmitida unicamente pelas cores e em contraste (em curto-circuito) com a onda que estala no céu —, é uma imagem de destruição, de morte. o que ainda vemos erguido, refletindo o seu duplo na água, é uma ruína. não estará lá, não está lá. aquilo que vemos é já pó.
William Turner, Quillebeuf, Mouth of the Seine, 1833. |
16 de abril de 2016
15 de abril de 2016
Os cinco livros que até hoje publiquei pouco significam agora para
mim. O pouco significarem garante-me completa liberdade e isenção, em
ordem a uma nova linguagem (…). Interessa-me, portanto, chegado que sou à
convicção de me haver limitado, nos livros anteriores, a mover-me em
círculo sobre uma linguagem esgotada – interessa-me, digo, muito menos
executar uma gramática literária, destinada ao diálogo, do que perfazer
um organismo internamente coerente e bastante. A comunicação será
consequente, se for. De qualquer modo, bani a ideia do diálogo no meu
estilo. Mas sinto-me ligado aos escritos antigos como alguém se pode
sentir ligado a um paciente e doloroso erro.
Herberto Helder em entrevista, 1964.
Herberto Helder em entrevista, 1964.
9 de abril de 2016
6 de abril de 2016
O facto de haver qualquer coisa risível nisto tudo, neste conjunto de homens sentados com as calças puxadas até aos joelhos, cada um na sua própria cabine, grunhindo e gemendo e mexendo no pénis enquanto viam filmes de mulheres a fazerem sexo com cavalos ou cães, ou de homens com outros homens, era algo que nem eles próprios podiam negar, mas também não o admitiam, uma vez que o riso verdadeiro e o verdadeiro desejo são incompatíveis, e tinha sido o desejo que os conduzira até lá.
Karl Ove Knausgård, A Morte do Pai.
Karl Ove Knausgård, A Morte do Pai.
John Constable, Cloud study 6 September 1822 |
5 de abril de 2016
Breath (pneuma) has always been seen as a sign of life... Language is speech before it is anything. It is born of babble and
shaped by imitating other sounds. It therefore must be listened to while
it is being written. So the next time someone asks you that stupid
question, “Who is your audience?” or “Whom do you write for?” you can
answer, “The ear.” I don’t just read Henry James; I hear him... The
writer must be a musician—accordingly. Look at what you’ve written, but
later... at your leisure. First — listen.
William H. Gass, in The Sentence Seeks Its Form, encontrado aqui.
William H. Gass, in The Sentence Seeks Its Form, encontrado aqui.
Agnès Varda, Uncle Yanco (1967). |
Subscrever:
Mensagens (Atom)