Io sono una forza del Passato.
Solo nella tradizione è il mio amore.
Vengo dai ruderi, dalle chiese,
dalle pale d’altare, dai borghi
abbandonati sugli Appennini o le Prealpi,
dove sono vissuti i fratelli.
Giro per la Tuscolana come un pazzo,
per l’Appia come un cane senza padrone.
O guardo i crepuscoli, le mattine
su Roma, sulla Ciociaria, sul mondo,
come i primi atti della Dopostoria,
cui io assisto, per privilegio d’anagrafe,
dall’orlo estremo di qualche età
sepolta. Mostruoso è chi è nato
dalle viscere di una donna morta.
E io, feto adulto, mi aggiro
più moderno di ogni moderno
a cercare fratelli che non sono più.
…
Eu sou uma força do Passado.
Só na tradição reside o meu amor.
Venho das ruínas, das igrejas,
dos retábulos, das aldeias
abandonadas dos Apeninos ou dos Pré-Alpes,
onde viviam os irmãos.
Deambulo pela Tusculana como um louco,
pela Ápia como um cão vadio.
Ou contemplo os crepúsculos, as manhãs a crescer
sobre Roma, sobre a Ciociaria, sobre o mundo,
como os primeiros actos da Pós-História,
que, por privilégio de biografia, observo
a partir dos confins de uma qualquer época
sepulta. Monstruoso é quem nasce
das entranhas de uma mulher morta.
E eu, feto adulto, vagueio
mais moderno do que qualquer moderno,
em busca de irmãos que já não existem.
Pier Paolo Pasolini (1962).