impressionou-me recentemente encontrar o mesmo rapaz a atender em duas lojas diferentes. com a sua farda, como se de um regime militar se tratasse, devolveu-me o olhar vago e desinteressado de sempre, enquanto me servia um café. «por esta hora, já devia saber o nome dele», pensei, procurando preencher essa vagueza com um sentimento de familiaridade. naquele momento quis saber tudo sobre a sua vida: o que gostava de fazer, se estaria a estudar e o quê ou se não e porquê, se tinha um amor, se morava longe ou por ali. ele foi compreensivo e deixou passar a fixidez do meu olhar sobre o seu rosto, como se o desenhasse.