3 de janeiro de 2018

ratos

nas traseiras do prédio onde trabalho, da janela onde vou para fumar, vê-se uma ruína de uma casa térrea e um prédio com seis andares cujas paredes se aguentam sustentadas por andaimes enferrujados. no meio da vegetação que cresce bravia faça chuva ou faça sol e sobre o telhado da casa, vejo muitas vezes ratos com as suas maneiras assustadiças à procura de comida. à distância que estou, do outro lado da rua e no quarto andar, não tenho nojo. acontece o mesmo com certos textos: se não estivermos a uma boa distância, a enxurrada racional impede-nos de os escrever. pelo contrário, assim como estou, tenho até deleite em observá-los a correr de um lado para o outro, levando de vez em quando à boca as patas dianteiras e sou mais feliz quando fumo a ver ratos do que quando não os vejo.