15 de novembro de 2017

um sono de chumbo, não sei se de morte se amoroso, cobre-me de forma pueril e embala-me. enquanto na superfície a calma tem tanto de absoluto como de terror, nada tem de limpo a minha vigília, mas sim de turvo e leitoso. embora encerre o indício preciso de uma regularidade obsessiva, este sono tem tanto de insolente como de melancólico: como a lira de Orfeu, a sua hierarquia interna dissolve sem azáfama os tormentos dos condenados e silencia a natureza.