6 de maio de 2017

Como o ruído era para ele, antes da surdez, a forma perceptível que a causa de um movimento revestia, os objetos movidos sem ruído parecem sê-lo sem causa; despojados de toda a qualidade sonora, mostram uma atividade espontânea, parecem viver; movem-se, imobilizam-se, pegam fogo sozinhos. Sozinhos levantam voo como os monstros alados da Pré-história.

Marcel Proust, Em busca do tempo perdido, volume III – O lado de Guermantes.