«A Itália tornou-se um poço escuro», disse, em tom amargurado, «e caímos todos dentro dele. Se deres umas voltas por aí, vês que as pessoas honestas perceberam isso. Que pena, Elena, que pena. Os partidos operários estão cheios de pessoas honestas a quem tiraram a esperança.»
«Porque é que te puseste a fazer este trabalho?»
«Pela mesma razão que tu fazes o teu.»
«O que queres dizer?»
«Desde que não posso esconder-me atrás de nada, descobri que sou vaidoso.»
«Quem te disse que eu também sou vaidosa?»
«A comparação: a tua amiga não é. Mas lamento por ela, a vaidade é um expediente. Se és vaidoso tens cuidado contigo e com as tuas coisas. Lina não tem vaidade, por isso perdeu a filha.»
Elena Ferrante, História da Menina Perdida.