Dizer que há sempre dois lados para a mesma história parece-me redutor. As nossas vidas sofrem tantas influências e tantas delas permanecem incógnitas para nós próprios, como névoas sobre o horizonte: sabe-se que estão lá, mas não se veem. A pura magia de um escritor é dar a ver o mundo como ele existe em nós, revelando quer os lugares esquecidos quer os que mais nos atormentam e ainda, entre uns e outros, tão significativa que é, a panóplia de lugares comuns, banais, secretos, que constituem a nossa vida interior.