um ruído consolador chocou contra ele, radioso como um risco que se aceita sem pensar muito. observou distraidamente o delírio da morte nos escaparates dos jornais. o ruído demorava a desaparecer. pensou, não se sabe porquê, que naquele instante dez anos tinham passado. contou-os um a um, como segundos a cair e enquanto isso tudo mudou. que disparate, pensou. e ainda assim, quase em simultâneo, pensou também que imperfeição divina estaria guardada nos circuitos do cérebro humano que tornasse possível aquele acontecimento. um sentimento invasor e oscilante, pesado, apoderou-se dele e a custo conseguiu reprimi-lo. em seu lugar, viu-se obrigado a reconstruir a vida.