3 de dezembro de 2015

enquanto há luz em minha casa até a mais opressiva mediocridade é leve e o ruído do relógio passa despercebido, mergulhado num plácido silêncio. apenas a vontade de fumar me recorda ligeiramente de mim e o que sonhei na noite anterior parece pertencer a outrem, uma entidade distinta da matéria, definida por uma impossibilidade absoluta. não há angústia nem violência senão na falta de som. no anonimato ressoa a alucinação do esgotamento, e o esgotamento nunca é inspirado, é um jogo perverso cujas regras alimentam um corpo gerado por excesso de intimidade, excesso de isolamento, excesso de ambiguidade e demasiado próximo da morte. como um escândalo sem revolta.