5 de fevereiro de 2015

embora dele nada seja visível, Danae sabe instantaneamente que é dele a presença que silenciosamente invade o corpo. ela também nada diz, não se demove do seu sono leve. mas quando ele a envolve, completa e imediatamente, há como um sorriso ligeiro sobre os lábios. dizem que não se é mulher se não se souber sorrir perante os abismos.
na força que a procura há violência, energia, impulso, uma estabilidade impossível de negar e — que extraordinário é dizer dela — há rigor. quando chega, chega claramente, quando se move, como se move, e a retirada também, tudo é exato, preciso, próprio. é um silêncio com textura que assim que se declara encontra entrega. a Danae surpreende que o prazer possa ser tão intenso mesmo quando apenas faz parte da imaginação. embora a isto, a ele, não se possa realmente chamar imaginação. Danae não sabe se ele sente a sua rendição. Danae não sabe nada. Danae dorme.