1 de dezembro de 2014

nasci à sombra dos ciprestes, impenetráveis, cujo interior maciço se encontra repleto de ninhos. descobri que era uma mulher porque em tudo encontrei sinais do amor, para logo perceber que um imenso coro de vozes falava em meu lugar, mas nunca dele. a esperança, conheço-a, como uma violência sem redenção. defendo os segredos que me foram confiados e não os revelo senão àqueles que podem compreendê-los. vivo agora num lugar abençoado sobre a terra, onde os amigos são sombrios e silenciosos, impassíveis e frágeis. um lugar esquecido, onde nada existe para além da fraternidade, ela própria secreta e perecível.