O prestígio é uma armadilha dos nossos
semelhantes. Um artista consciente saberá que o êxito é prejuízo.
Deve-se estar disponível para decepcionar os que confiaram em nós.
Decepcionar é garantir o movimento. A confiança dos outros diz-lhes
respeito. A nós mesmos diz respeito outra espécie de confiança. A de que
somos insubstituíveis na nossa aventura e de que ninguém a fará por
nós. De que ela se fará à margem da confiança alheia.
Herberto Helder, entrevista publicada no Jornal de Letras e Artes n.º 139, de 17 de Maio de 1964.