O André Téchiné tem um filme chamado Les
Voleurs onde a certa altura uma personagem diz uma frase que me entrou
pelos ouvidos como um comboio: «nous ne faisons que remplacer». Hoje um
amigo disse-me a mesma coisa: «estamos sempre a substituir». Fez-me
lembrar uma carta que tem uma frase que sei de cor desde que a li a
primeira vez. Recebi-a na véspera do meu casamento e dizia o seguinte:
«Pessoas como tu e eu — e escrevo-te isto com as mãos a tremer — terão
sempre um vazio.» A verdade é incontornável, mesmo em dia de bodas.