Durante anos a fio o meu destino de férias foi
a Nazaré, primeiro com os meus pais e mais tarde com a minha tia, uma
bela mulher loira de olhos azuis na altura com os seus 30 e poucos anos.
Com a minha irmã, éramos portanto três loiras de olhos azuis que os
nazarenos recebiam nas ruas e nos mercados com o seu francês, inglês e
alemão cantados mas nunca em português.
Há dois piropos desses anos, colectivos por sinal, que nunca esqueci. Um deles não será original mas foi o meu primeiro piropo. Íamos na autoestrada, primeiro dia de férias e levávamos o vidro aberto. Um carro colocou-se a par do nosso e os rapazes lá dentro começaram a gritar piropos, empoleirados nas janelas, um a seguir ao outro, o condutor a apitar, não fosse o estardalhaço ser pouco. A minha tia se tivesse um buraco tinha-se escondido, vermelha que ficou. Eu e a minha irmã nem estávamos a perceber, ficámos assustadas a princípio. Depois quando ouvimos o que eles diziam, desatámos a rir. As férias estavam ganhas, tínhamos recebido o nosso primeiro piropo!
Noutro ano, eu devia ter uns 14, 15 anos, já podia sair à noite e quando acabei de jantar entrei pelo labirinto antes de me dirigir à praça ao encontro dos amigos. Era tarde e a noite não caía, a cal das paredes cegava, cheirava a creme Nivea e a peixe seco. Após uma esquina, dou de caras com um enorme grupo de homens sentados na esplanada de um restaurante. Adivinhando o que seguia, acelerei o passo. De repente eles aparecem à minha frente. Tinham todos o mesmo fato branco, camisa negra, gravata vermelha e chapéu. Sempre sem parar, juntaram-se e caminhando para trás começam a cantar a Garota de Ipanema. Cantaram a música do início ao fim, sempre a caminhar para trás (que eu não dei mole e nunca parei de andar), com várias vozes e uns batuques. No final tiraram os chapéus e foram embora. Depois disso, fazer parar o trânsito não me pareceu nada de especial.
Há dois piropos desses anos, colectivos por sinal, que nunca esqueci. Um deles não será original mas foi o meu primeiro piropo. Íamos na autoestrada, primeiro dia de férias e levávamos o vidro aberto. Um carro colocou-se a par do nosso e os rapazes lá dentro começaram a gritar piropos, empoleirados nas janelas, um a seguir ao outro, o condutor a apitar, não fosse o estardalhaço ser pouco. A minha tia se tivesse um buraco tinha-se escondido, vermelha que ficou. Eu e a minha irmã nem estávamos a perceber, ficámos assustadas a princípio. Depois quando ouvimos o que eles diziam, desatámos a rir. As férias estavam ganhas, tínhamos recebido o nosso primeiro piropo!
Noutro ano, eu devia ter uns 14, 15 anos, já podia sair à noite e quando acabei de jantar entrei pelo labirinto antes de me dirigir à praça ao encontro dos amigos. Era tarde e a noite não caía, a cal das paredes cegava, cheirava a creme Nivea e a peixe seco. Após uma esquina, dou de caras com um enorme grupo de homens sentados na esplanada de um restaurante. Adivinhando o que seguia, acelerei o passo. De repente eles aparecem à minha frente. Tinham todos o mesmo fato branco, camisa negra, gravata vermelha e chapéu. Sempre sem parar, juntaram-se e caminhando para trás começam a cantar a Garota de Ipanema. Cantaram a música do início ao fim, sempre a caminhar para trás (que eu não dei mole e nunca parei de andar), com várias vozes e uns batuques. No final tiraram os chapéus e foram embora. Depois disso, fazer parar o trânsito não me pareceu nada de especial.
Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
No doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor
Mais cheia de graça
É ela menina
Que vem e que passa
No doce balanço, a caminho do mar
Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema
É a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste
Ah, a beleza que existe
A beleza que não é só minha
Que também passa sozinha
Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo
Por causa do amor