O A. diz-me, mal termino de o ver, que se trata de um filme do pós-guerra e é como se a explicação justificasse o meu abalo. Explodiu uma bomba, estou no meio dos destroços silenciosos e, como a mulher a quem perguntam se ainda não engravidou, estou despedaçada. Sou intrépida como a amante que decide ser mãe solteira, não tenho medo de nada. Vejo o meu corpo asilado no trauma daquela que decide abortar. O que desejamos é incomunicável.
Yama no Oto [Sound of the Mountain], Mikio Naruse, 1954.