Saio do autocarro e dou um passo em direção ao meu bairro, cheio de árvores, pequenos jardins e canteiros por estes dias de sol já a rebentar de verde, tanto, que a fila de jacarandás da avenida se encheu de folhas — ainda em janeiro. Um cheiro primaveril atinge-me com uma pancada e os meus passos tornam-se mais lentos e mais prazerosos. Enquanto caminho, descubro em mim uma felicidade, autónoma e inviolável como uma galáxia, cujas razões desconheço. A serenidade das ruas nesta hora crepuscular penetra-me sem que o possa impedir e nem dos meus mortos sinto falta, pois tudo está vivo em mim.