6 de outubro de 2018

numa cidade operária oblíqua sobre a colina, desenrolam-se vários acontecimentos interrompidos e contaminados por objetos falsos. o ambiente é insolitamente animado: miúdos e graúdos discutem febrilmente, o sol penetra nas coisas, todas as manobras são ao mesmo tempo ingénuas e sonoras, como se sonhadas. lívido, quase abjeto, o cintilar da luz mistura-se com a emanação profana de Alexandre no horizonte. o seu riso manhoso e os seus cabelos louros, os seus gestos, as suas palavras, o seu ir e vir, são insustentavelmente modernos. calculando a ânsia pura e os desafios do pudor, cada um dos habitantes da cidade é íntimo com ele, ou seja, é observado, e, sem se conterem, deixam transbordar os seus dilemas. o vazio é assim preenchido e não há nisso nada de especial.