3 de julho de 2016
isto passou-se no final de março, a primavera mostrava-se sem cuidado e por toda a parte, e eles, dóceis e ansiosos, submetiam-se a ela. vindo da sala, onde tinha estado quase toda a manhã a falar com a dona Elisa Berta, Horácio desce a escada e tropeça já no último degrau, rindo depois para disfarçar o susto. saíram os três, atravessaram a feira e o parque rapidamente, caminhando sempre em frente através das barracas de queijo e presunto, dos ramos de alfazema enrolados em papel manteiga, das tílias, dos plátanos e dos castanheiros, e entraram na igreja. isto não levou mais do que quinze, vinte minutos. Maria e Horácio sentaram-se na segunda fila atrás, mergulhada na escuridão, o que surpreendeu Catarina, que pretendia sentar-se com eles logo à frente. hesitou e a hesitação chegou para expor o segredo em plena luz do dia. Catarina em pé, sem decidir se se juntava a eles na segunda fila, ou se os deixava a sós e prosseguia caminho em direção ao altar como havia pensado, Maria corada a apertar as luvas entre as mãos e Horácio incapaz de esconder a felicidade que antecipava um momento a sós com Maria, ou seja, sem Catarina. com plena consciência no papel que desempenhava nos acontecimentos,
Maria estava vestida de negro, mas tinha pintado os olhos e os lábios. nenhum deles pronunciou palavra.