19 de julho de 2016

estou contigo
na escarpa de Helderberg
onde nem o vento
perturba 
os nossos corações
que de tanta paz enlaçados
não falam

estou contigo
na escarpa de Helderberg
onde nada do que existe
para ser visto
excede o esplendor
da tua fragilidade
e mistério

estou aqui contigo
na escarpa de Helderberg
e pode ser sempre assim
o silêncio
uma terra perdida
as tuas mãos
um pássaro

estou contigo
na escarpa de Helderberg
sobre nós
cai a primeira neve
e até a nossa sombra
implora para ficar
entre as ervas

estive contigo
na escarpa de Helderberg
onde deixámos
de ser estranhas
e desconhecíamos
que o mundo
tem um fim

estou sem ti
na escarpa de Helderberg
quando é que foste
com os pássaros
e me deixaste
sem idade
entre a neve?