«Ninguém tem mais dificuldade em escrever que o escritor», dizia Antoine Blondin. Lionel Duroy, outro escrevinhador, afirmava: «Não escrever mergulha-me num estado de culpabilidade, como se perdesse o direito de respirar». Em contrapartida, Salinger afirmava: «Não ter que publicar, traz uma paz incrível. Adoro escrever, mas só para mim, para o meu próprio prazer». Também eu adoro escrever para mim próprio. Quanto muito, escrevo para para mais uma pessoa ou duas. Mas uma coisa é certa, à medida que envelheço, escrevo cada vez menos. Talvez porque quanto mais cresce a sombra da morte, menos interessa se o fazemos ou não. Embora haja outra razão, tão forte ou mais do que essa: quem ama e se sente amado não precisa verdadeiramente de escrever. Escrever é um acto tão desesperado...
Jorge Lima Alves