10 de novembro de 2015

libertar-se do rancor, concluiu, para deixar de viver no passado. não o ia levar para a cova, isso nem pensar, ficar a remoer para quê. a descoberta declarava-se como uma ocasião de questionar o tempo preciso da epifania, da maravilha ao espanto à surpresa. assim é a perda, a desordem, o exílio imutável. não passava de um fugitivo e, de maneira estranha, um filho repugnante da morte. dia após dia, o corpo era a sua única estratégia de retornar à infância, que abandonámos e onde igualmente vivemos.