31 de agosto de 2015
o sol acabava de desaparecer deixando no céu um azul assombroso, também ele prestes a ofuscar-se. prostrada sobre a terra, a rapariga pensava que desde pequena todos apontavam a sua inteligência e o seu bom coração. era portanto lógico que nada tivesse tido tanto sentido até aí como encontrar-se entre os animais, à superfície da terra. a pessoa justa despreza a insensatez da violência, envergonha-se da fortuna desonesta, é insensata e ingénua no seu profundo desprezo pela humanidade. é apenas uma imbecil, que não conhece nada. mas quando viu que, debaixo das amoreiras, também a terra a desprezava, levantou-se lentamente, sacudiu o vestido, e prosseguiu silenciosamente pela estrada, ao longo do canavial. nisso era experiente. gritos de alegria ecoavam atrás dos muros da cidade, uma grande fogueira ardia longínqua na planície. Z. encobriu o rosto, desencorajada. a fadiga privava-a de perigo e de remorsos.