11 de maio de 2015

já perdi a conta a quantas vidas vivi em Lisboa. é impressionante como, numa cidade tão pequena, possa haver tantos mundos que não se cruzam. todos querem perdurar em si mesmos, todos possuem o ónus da verdade messiânica. eu vim para me misturar com eles e quanto mais tempo passa mais impura me torno a seus olhos, porventura, no limite, contaminada pela minha incapacidade de ajustamento. não fui talhada para a perfeição mas sim para a imperfeição, que desde cedo se revelou uma extensão mais vasta, na verdade branca e infinita, onde recupero fôlego nas fugas. persigo o seu horizonte de tempo o mais delicadamente possível. da mesma maneira, quanto mais tempo passa, mais difícil é encontrar quem não esteja preocupado em não ter febre e não sujar a roupa. mas quando se encontra, a esperança é avassaladora.