30 de janeiro de 2015
Tal como um rio que se perde em subterrâneos para depois aparecer à superfície, os homens assistem às metamorfoses do seu espírito, que muda de qualidade mas mantém a sua medida. O seu jogo de permutas tem um valor pessoal e particular inconfundível, que atravessa a obscuridade do tempo, a intenção do intelecto e a obsessão do ícone (mesmo que vazio), resultando invariavelmente numa semântica nova. A densidade de um fenómeno é relativa. O que há de mais peremptório num fenómeno é esta região imaterial da imaginação e da memória, cuja rutura nos conduz ao cerne de todo o movimento. E o que se encontra no cerne do movimento? Constância. Toda a agitação da vida humana está diluída na abertura inumerável. Os melancólicos, os serenos, os violentos, os dramáticos, os frágeis, corpos imponderavelmente enlaçados cujos liames permanecem secretos e incorruptíveis.