14 de outubro de 2014

Li no Gulistan, ou Jardim das Flores, de autoria do xeque Sadi de Shiraz, que um dia perguntaram a um sábio: «Entre as muitas árvores célebres que o Altíssimo Deus criou altaneiras e umbrosas, nenhuma é chamada azade, ou livre, exceptuando o cipreste, que não dá frutos. Qual o mistério disso?» O sábio replicou: «Cada uma tem seu fruto adequado e sua estação determinada, durante a qual fica fresca e florida e fora dela seca e murcha; o cipreste não está sujeito à variação de estados, está sempre a florescer. Da mesma natureza são os azades ou religiosos independentes. Não ponhas o teu coração no que é transitório, porque o Dijlah, ou Tigre, seguirá fluindo através de Bagdade mesmo depois de a raça dos califas se extinguir. Se as tuas mãos estão cheias, sê liberal como as tamareiras, mas se estão vazias, sê um azade, ou um homem livre como o cipreste.»

Henry David Thoreau, Walden ou a vida nos bosques