Fora da galeria, na igreja de São Roque, estão dois écrãs, cada um com o rosto de uma criança do filme Casa de Lava de Pedro Costa, cuidadosamente escondidos em cada um dos lados do transepto, certamente para não perturbar a oração.
9 de outubro de 2014
Fui ver uma exposição muito estranha, no Museu de São Roque (Visitação, curadoria de Paulo Pires do Vale). Entre
os objetos do espólio da Misericórdia de Lisboa expostos,
encontram-se alguns exemplos de cartas que eram entregues com as
crianças que deixavam na roda. O costume era que a cada criança correspondesse um
identificador, entregue com essas cartas, que funcionasse como prova de
pertença: apenas quem tivesse a outra metade a poderia resgatar. Pelo
menos de acordo com a proporção que é mostrada nas vitrines, a grande
maioria das crianças era entregue com cartas de baralho e cautelas de
lotaria. Quem as entregava fazia um recorte único, transformando-os em peças
de um puzzle. Também há outros exemplos, como cabelo, dados e até uma pequena e
incompreensível escultura em palha. Alguns são bastante
elaborados, e ricos, como é o caso de uma bolsa de seda vermelha bordada
e umas meias de renda branca fina.
Fora da galeria, na igreja de São Roque, estão dois écrãs, cada um com o rosto de uma criança do filme Casa de Lava de Pedro Costa, cuidadosamente escondidos em cada um dos lados do transepto, certamente para não perturbar a oração.
Fora da galeria, na igreja de São Roque, estão dois écrãs, cada um com o rosto de uma criança do filme Casa de Lava de Pedro Costa, cuidadosamente escondidos em cada um dos lados do transepto, certamente para não perturbar a oração.