19 de julho de 2014

Na Madragoa as pessoas são coscuvilheiras, trigueiras, falam a gritar mesmo quando estão umas ao lado das outras, há buracos na estrada e nos passeios até à Estrela, falta de contentores de lixo e muita merda de cão a contornar. Mas no verão as pessoas sentam-se em bancos à porta dos cafés a conversar, os velhos sentam-se à porta de casa ou ficam a falar à janela de um lado para o outro da rua, as raparigas novas sentam-se em degraus a olhar para os telemóveis e falam em surdina umas com as outras, levantando os olhos quando os rapazes passam à frente delas para ir buscar a bola, e há crianças a brincar na rua, muitas crianças, em ruas que ficaram enfeitadas desde o Santo António. O rio é ali em baixo, de vez em quando passa uma gaivota ou ouve-se a sirene de um barco. Gosto de os ouvir passar mas não quero ir a mais lugar nenhum.