31 de julho de 2013

Depois de irmos andar de bicicleta pela primeira vez, continuámos a ir. As ruas do bairro rapidamente se esgotaram e o caminho das cobras (haverá uma história só sobre ele) não demorava muito tempo a percorrer numa ida e volta. Atrás da casa da minha avó havia campo. Colinas e mais colinas verdes, matas, figueirais, olivais, caminhos ladeados de arbustos carregados de amoras e marmelos no Verão. Nós fomos descobrir de bicicleta esses caminhos e um dia escolhemos uma colina. A nossa colina era o fim de todos os dias. Religiosamente, antes de ir para casa, quando já não nos apetecia descobrir mais caminhos, íamos para lá. E com o tempo, o tempo que ficávamos na nossa colina foi aumentando. Era um espaço resguardado, íntimo, sem promessas. E um momento de contemplação. Pura contemplação. Deitados na relva ao lado das bicicletas, ou encostados a uma oliveira, ficávamos em silêncio, os três. Por vezes conversávamos mas naquele ponto do dia a sintonia era tanta que não era preciso dizer muito. Agora que escrevo isto, sinto novamente vontade de me calar. O que é o tempo?