10 de junho de 2013
Acho bem que se veja o Harry Potter e o Chris
de Marker logo a seguir e se veja pornografia e se coma torrão de
alicante e farturas e se vá à feira do livro e se esteja todo o dia no Facebook a perder tempo e se mande os filhos para os avós e se jogue wee
com os filhos e se descubra que afinal o nosso destino de sonho não é a
Nova Zelândia mas sim os Vales secos de McMurdo e se perca a cabeça com
uma coisa simples porque isso é que é o amor e se invente uma palavra e
se fume como um parvo e se pegue no carro para fugir e se desligue a
televisão e se diga palavrões ao Aníbal na televisão e se tomem banhos
de imersão de 4 horas e me convidem que eu não tenho banheira. E acho
mal de toda a gente que disser mal.
Em frente à estação de Santo Amaro de Oeiras,
encontro o café «Carioca's». As duas mesas da esplanada estão ocupadas
respectivamente por duas mulheres a fazer manicure uma à outra (o cheiro
do verniz chega à estrada) e por um grupo de mulheres que descansam as
pernas em cima das pernas umas das outras. Entro e o deslumbre
completa-se: em todas as prateleiras só há copos de cerveja e cerveja.
Salva-se uma prateleira dentro da vitrina que tem bolo de frango, bolo
de carne, bolo de galinha e bolo de
queijo. A prateleira abaixo dessa tem copos, muitos copos e canecas, no
frio claro, como é que ninguém tinha pensado nisso antes. As pessoas
tratam-me como se eu fosse a rainha de Calcutá, não só o casal que me
atende ao balcão mas também aquelas com quem me cruzo até chegar ao
balcão. A música que se ouve é um chorinho sertanejo seguido de um
chorinho sertanejo, se é que eu sei o que é um chorinho sertanejo mas na
parede há um quadro com a letra da música da Adriana Calcanhoto. Na
estação não se ouve uma mosca.
Subscrever:
Mensagens (Atom)