Hydre intime, sans gueules,
qui mine et désole.
Arthur Rimbaud in Comédie de la Soif, maio de 1872.
15 de fevereiro de 2016
14 de fevereiro de 2016
a diferença entre cuidarmos de nós próprios e o individualismo é saber desprover-se de si em prol de outrem, coisa que não se explica, se pede ou se espera e raramente encontra reciprocidade. nas vidas limitadas e limitantes que levamos, frequentemente mais não sabemos sobre a generosidade do que designar as suas restrições.
12 de fevereiro de 2016
11 de fevereiro de 2016
6 de fevereiro de 2016
as pessoas que me amam são as pessoas mais extraordinárias do mundo. não porque eu goste de ser amada, embora goste, mas antes porque têm a capacidade de ver para além daquilo que aparentemente é disforme e formado por intrincadas, obscuras arestas. vislumbrar a inocência entre aquilo que é selvagem, a elegância entre o que é grosseiro e a constância entre o que é violento, não é para todos e, por isso, muito as admiro.
1 de fevereiro de 2016
30 de janeiro de 2016
24 de janeiro de 2016
o deserto é tudo menos um vórtice, disse, como se esperasse não ser ouvido. aqui as nuvens não formam constelações de falsas figuras e o frio vazio é invadido pela impressão cósmica de um tóxico perfume a pinhal. teria que esperar que tudo se desfizesse se realmente queria sair do deserto, a areia, o céu azul, as nuvens, o pinhal, e contudo as mãos, impacientes aranhas prestes a devorar a sua presa, em permanência desenham a inelutável, perfeita, linha do horizonte. se desvanecida ou rompida, a sua trama rapidamente era restabelecida, evidentemente com uma certa candura, a coar a luz do céu. assim mantêm até ao fim o seu segredo, tão finamente tecido que o inferno por vezes se confundia. porém, subitamente, quando pousava a cantar no galho de um pinheiro, um pássaro desfazia o equívoco.
Subscrever:
Mensagens (Atom)