Pierre Reverdy
6 de novembro de 2018
5 de novembro de 2018
No piso superior dos Armazéns do Chiado, onde estão os restaurantes e as cadeias de fast-food, passam os dias alguns sem abrigo. Sempre os mesmos, sentados nos sofás a ver televisão, a dormir ou a olhar para ontem, estão abrigados do frio e do calor e é provável que consigam por ali pelo menos uma refeição. Quando lá vou, sento-me com eles. É da sua humanidade, destroçada e implacavelmente resumida, que partilho. Com grande precisão e considerável torpor, deslizamos para a intemporalidade como fantasmas. Até Mefistófeles gostaria de se refugiar aqui, neste incompreensível, imenso, vazio.
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