27 de dezembro de 2015

22 de dezembro de 2015

The birds are silent in the woods.
Just wait: Soon enough
You will be quiet too.

Robert Hass

19 de dezembro de 2015

神奈川沖浪裏

16 de dezembro de 2015

estou desde há uns meses a imergir na escrita de uma peça de teatro, coisa que me atormentava não saber o que é nem como se faz. toda a escrita me foi sempre natural menos esta, que faz uso de didascálias como os corpos fazem uso de silêncio. escrevi ensaios, poemas, artigos jornalísticos, sinopses, textos para publicidade vária, sobre várias disciplinas, da filosofia às artes plásticas, escrevi o que ia na cabeça de desconhecidos e escrevi para rir mas nunca nada para teatro. nunca me saiu uma linha. tentei poucas vezes, é verdade, mas sou daquelas pessoas que quando se dirige a uma página em branco já sabe o que quer. o resto do tempo aquilo anda ali às voltas, dias, meses, anos, dezenas de anos, na cabeça, nos olhos, na lábia, na surpreendente audição. e tenho medo de não chegar a tempo de concretizar tudo. é engraçado que quando penso nisto penso imediatamente, não sem um certo gozo, que o resto, aquilo que advém da sua exposição, me é absolutamente indiferente. estou protegida pela crença de que dizer aquilo que tenho para dizer, basta. já outros o disseram? é, sem dúvida, o mais provável e contudo, ao mesmo tempo, é precisamente esse o sinal mais claro do quanto quero dizê-lo: sem isso, confesso que não terei vivido.
não me animam questões de pertença ou de destinação. como poderia eu, que não gosto de todos os filmes do João César Monteiro nem acho o Ângelo de Sousa genial, ter sobrevivido, se a isso tivesse cedido? tenho limites amplos mas rigorosos e inflexíveis. gosto de estar com os outros mas é para mim que me dirijo. não nasci para ser budista, por isso nem sempre é límpido, nítido, visível e nunca se está inteiro em nada. mas é estar aqui e agora que eu quero e é isso plenamente, mesmo que seja o inferno. restam-me alguns dias com este texto e não sei ainda o que vai sair daqui. após estas semanas iniciais de trabalho tenho imensas ideias apenas a formar-se, o tempo falta-me sempre, outra lástima por não ter dado para budista. mas é inspirador descobrir finalmente o que isto é e como se faz. e de certo modo extraordinário, um extraordinário que poderia ser assustador se eu me assustasse com essas coisas, perceber como há tanto tempo não tinha um desafio.

11 de dezembro de 2015

como nunca consegui, tenho vontade de continuar. claro que é preciso uma bela dose de estupidez para continuar. tendo em conta os resultados, já devia ter desistido. se fosse mais inteligente, já teria desistido. mas prefiro fazer este trabalho a outro qualquer (a frase nem é minha, mas como se adequa mais a mim, nem vale a pena dizer quem foi).

Rui Catalão, publicado no Facebook no dia 11 de dezembro de 2015.

10 de dezembro de 2015

 
Valie Export, I turn over the pictures of my voice in my head, 11'30'', 2008.

8 de dezembro de 2015

As pessoas que acreditam na promessa da felicidade esperam muito pouco da vida.
As mãos que não são lavadas com sabão têm micróbios que não são visíveis mas que existem. O toque das mãos sujas na boca, na mama ou nos alimentos, pode provocar doenças e infeções tais como a diarreia. Para evitar estas doenças as mãos devem ser lavadas nos momentos críticos: ao sair de casas-de-banho, antes de amamentar, antes de tocar num recém-nascido, antes de comer ou de preparar uma refeição, antes de dar à luz.

É importante pois permite reduzir as doenças e infeções corporais.

Para prevenir estas doenças e suas infeções, é necessário:
•    Lavar as mãos com sabão ou cinzas, à saída das latrinas e após a limpeza anal das crianças;
•    Lavar as mãos antes de cozinhar e antes de comer;
•    Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia (manhã e noite);
•    Lavar frequentemente o rosto e as mãos das crianças com sabão;
•    Lavar-se regularmente, pelo menos uma vez por dia;
•    Lavar o cabelo regularmente;
•    Lavar a roupa.

Como lavar as mãos?
•    Retirar relógio, pulseiras e anéis;
•    Molhar as mãos com água limpa;
•    Usar sabão comum ou antisético;
•    Esfregar vigorosamente as mãos ensaboadas uma contra a outra durante 15 a 30 segundos (não esquecer as unhas e entre os dedos);
•    Enxaguar com água limpa proveniente de uma torneira ou de um furo (neste caso, garantir que alguém deita água sobre as mãos, não devendo as mãos ser mergulhadas no recipiente com água);
•    Secar as mãos ao ar livre;
•    Não secar as mãos com um pano pois mesmo que pareça limpo, está muitas vezes contaminado por germes.
fui-me embora e estou a refletir sobre isso há muito tempo. se faço bem as contas, há quarenta e um anos. e há vinte anos que não recebo visitas. fico a olhar dias inteiros para os quadros na parede. num veem-se ovelhas no prado, mas sem pastor. noutro, um homem com bigode, no silêncio e na solidão. através da parede verde, estão ligados um ao outro. inflexíveis, não confessam nada. rodo a maçaneta da sala com uma mão trémula e fixo nisso a minha atenção. foi aí, nesse momento, que recebi a notícia. no silêncio, na solidão. a solidão também não tem nada assim tão misterioso. pensei um pouco na minha infância mas tenho curta memória, construí a minha infância artificialmente. o fogo ardia na lareira, amarelo e negro. tinha que ser assim.