4 de junho de 2015

.2

porque não falam as crianças da sua solidão?
.1

que lugar é este cuja língua é o silêncio?

29 de maio de 2015

nunca imaginei que uma ternura infinita como a da infância, uma vez perdida, pudesse voltar a existir. e todavia nunca imaginei senão isso. é de facto de uma grande evidência, que nenhuma outra coisa existe senão esse centro de que nos aproximamos, distanciamos e onde, por vezes, nos é concedido entrar. no labirinto tocamos o insondável mas a sua infinitude não me domesticou. o que se levantou dele, porque pôde, apenas escutou. e eu pude: não pronunciei palavra nem fui iludida por nenhuma revelação. até já não ter nada e poder escutar apenas este silêncio, este mistério.

28 de maio de 2015

25 de maio de 2015

cette petite mélancolie.

24 de maio de 2015

i'm falling down to the center of the earth.
i'm following her to the center of the earth.
i'm going to the center of the earth.

22 de maio de 2015

para h.

ousar pronunciar
as mais insólitas palavras
e me arrebatares de assombro
com o teu sim.
não conheço fantasias.
somos urzes antigas
cuja sombra se tornou ardente
e, exaustas ou preguiçosas,
vigiamos o luxo sem atalhos
do ar imóvel.

21 de maio de 2015

it all will be lost.

18 de maio de 2015

(...) estava vibrando em puro desejo como lhe acontecia antes e depois da menstruação.

Clarice Lispector, Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres.
escrevo para me tornar audível. quem não me lê, não me vê. talvez seja também por isso que leio o que escrevo, para que enquanto faço correções, eu me possa ver. mas para que me quero eu ver a mim própria? não há nada aqui para ver, sou um espelho muito fastidioso. é quando me perco e me esqueço de mim que sou feliz. que justa é a escolha da palavra felicidade...