10 de dezembro de 2015

 
Valie Export, I turn over the pictures of my voice in my head, 11'30'', 2008.

8 de dezembro de 2015

As pessoas que acreditam na promessa da felicidade esperam muito pouco da vida.
As mãos que não são lavadas com sabão têm micróbios que não são visíveis mas que existem. O toque das mãos sujas na boca, na mama ou nos alimentos, pode provocar doenças e infeções tais como a diarreia. Para evitar estas doenças as mãos devem ser lavadas nos momentos críticos: ao sair de casas-de-banho, antes de amamentar, antes de tocar num recém-nascido, antes de comer ou de preparar uma refeição, antes de dar à luz.

É importante pois permite reduzir as doenças e infeções corporais.

Para prevenir estas doenças e suas infeções, é necessário:
•    Lavar as mãos com sabão ou cinzas, à saída das latrinas e após a limpeza anal das crianças;
•    Lavar as mãos antes de cozinhar e antes de comer;
•    Escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia (manhã e noite);
•    Lavar frequentemente o rosto e as mãos das crianças com sabão;
•    Lavar-se regularmente, pelo menos uma vez por dia;
•    Lavar o cabelo regularmente;
•    Lavar a roupa.

Como lavar as mãos?
•    Retirar relógio, pulseiras e anéis;
•    Molhar as mãos com água limpa;
•    Usar sabão comum ou antisético;
•    Esfregar vigorosamente as mãos ensaboadas uma contra a outra durante 15 a 30 segundos (não esquecer as unhas e entre os dedos);
•    Enxaguar com água limpa proveniente de uma torneira ou de um furo (neste caso, garantir que alguém deita água sobre as mãos, não devendo as mãos ser mergulhadas no recipiente com água);
•    Secar as mãos ao ar livre;
•    Não secar as mãos com um pano pois mesmo que pareça limpo, está muitas vezes contaminado por germes.
fui-me embora e estou a refletir sobre isso há muito tempo. se faço bem as contas, há quarenta e um anos. e há vinte anos que não recebo visitas. fico a olhar dias inteiros para os quadros na parede. num veem-se ovelhas no prado, mas sem pastor. noutro, um homem com bigode, no silêncio e na solidão. através da parede verde, estão ligados um ao outro. inflexíveis, não confessam nada. rodo a maçaneta da sala com uma mão trémula e fixo nisso a minha atenção. foi aí, nesse momento, que recebi a notícia. no silêncio, na solidão. a solidão também não tem nada assim tão misterioso. pensei um pouco na minha infância mas tenho curta memória, construí a minha infância artificialmente. o fogo ardia na lareira, amarelo e negro. tinha que ser assim.
— Ouço sirenes.
— Sirenes? Está um silêncio atroz.
— Ouço inúmeras sirenes, muitas, em múltiplas direções.
— De que é que estás a falar? Não se ouve nada! Não se ouve o pio de um mocho!
— Ouço inúmeras sirenes, são incontáveis.
— Estás-te a passar.
— Estou a ouvir as sirenes do mundo inteiro, de todos os carros com sirene que estão a passar. Estas que passaram agora, não ouviste?
— Não faço a mais pequena ideia do que estás a falar.
— Não ouves? Estas eram em Londres. Também se ouvem, distintamente, sirenes de São Paulo, do Cairo, de Djibuti e de San Salvador.
— Mas quais sirenes meu?
— Estão a passar. Estão todas a passar. E eu estou a ouvi-las a todas ao mesmo tempo, de toda a parte. As sirenes nunca se calam, estão sempre a soar. É ensurdecedor. O som fere os ouvidos e come os outros sons. De ti por exemplo, o que é que oiço, o que é que não oiço? Não posso saber com tanta sirene. E daqui não posso sair, não posso ir a lado nenhum. Nem mesmo quando adormeço há silêncio, também aí as ouço, por vezes com um som ainda mais claro, e assustadoramente posso ver uma sirene soar ao lado que eu sei que está em Nairobi, e contudo vejo-a passar ali mesmo ao meu lado. O mundo é uma sempiterna orquestra de sirenes. É isso que é. É ensurdecedor. Não ouves?

3 de dezembro de 2015

enquanto há luz em minha casa até a mais opressiva mediocridade é leve e o ruído do relógio passa despercebido, mergulhado num plácido silêncio. apenas a vontade de fumar me recorda ligeiramente de mim e o que sonhei na noite anterior parece pertencer a outrem, uma entidade distinta da matéria, definida por uma impossibilidade absoluta. não há angústia nem violência senão na falta de som. no anonimato ressoa a alucinação do esgotamento, e o esgotamento nunca é inspirado, é um jogo perverso cujas regras alimentam um corpo gerado por excesso de intimidade, excesso de isolamento, excesso de ambiguidade e demasiado próximo da morte. como um escândalo sem revolta.

2 de dezembro de 2015

acabarei sem memórias de qualquer espécie. quando um miúdo olhar estarrecido para o meu inescrutável rosto de velha, serei tão ignorante como ele sobre como terei ganho aquelas rugas. terei menos caminhos do que aqueles que tenho hoje, saberei menos de mim, o mundo será ainda menos vasto. tenho contudo esta esperança, de ficar reduzida apenas ao suficiente: à minha linguagem.

25 de novembro de 2015

19 de novembro de 2015